Na última segunda-feira (23), os professores Mariza Rios e Newton Teixeira Carvalho participaram do lançamento dos livros “As condições socioambientais das pessoas em situação de refúgio” e “Instrumentos para efetivação dos direitos humanos no Estado democrático de direito”. As obras foram produzidas pelos seus grupos de iniciação científica e o lançamento teve parceria com o Cio da Terra, coletivo de mulheres migrantes.
“As condições socioambientais das pessoas em situação de refúgio” é fruto de uma pesquisa feita entre 2018 e 2019, em que os estudantes participantes conseguiram fazer uma pesquisa de campo com alguns refugiados no Brasil, mais especificamente em Belo Horizonte. A grande chave de leitura é a inclusão social, e da sociedade ter a possibilidade de ultrapassar o limite de estado-nação. Segundo a professora Mariza, os seres “entram como refugiados, mas quando são incorporados nas políticas públicas locais, passam a ser como nós, portadores de direito como todos nós. E nesse sentido, o exemplo do Cio Terra [coletivo presente no evento] são experiências, refugiadas que chegaram ao Brasil, foram incluídas nas políticas sociais locais, e hoje estão aqui apresentando o resultado do processo de inclusão.”
O livro “Instrumentos para efetivação dos direitos humanos no Estado democrático de direito”, feito com o grupo de pesquisa de 2020 a 2021, trata da ciência jurídica sobre os direitos fundamentais sociais, de uma forma geral. O tema mostra elementos da relação dos direitos humanos, da luta por esses direitos desde 1948, como o mundo começa a pensar nos direitos da natureza e o reconhecimento deles no cenário nacional. “Essa é uma luta muito interessante. Os direitos humanos já possuem história. Os direitos da natureza, neste momento, estão lutando para serem reconhecidos”, apontou a professora Mariza.
O intuito de ambos temas literários também é demonstrar que é possível a convivência harmônica com as pessoas em situação de refúgio, e que é uma necessidade constitucional recebê-las. Pensando na proposta de levar essa pesquisa para um ambiente acadêmico, o professor Newton explicou: “Nós despertamos estudantes para a necessidade de acolher os imigrantes (…) É algo que pode também trazer uma nova cultura, que pode mudar o nosso modo de pensar. É necessário sempre recebê-los, para que consigam retomar uma vida que, infelizmente, foi bruscamente cancelada no país natal.”
A presença do coletivo Cio Terra, que tem o propósito de promover autonomia e autoestima das mulheres migrantes, foi uma demonstração de encontro à proposta do livro. As integrantes, que são de origem do Congo, Venezuela, Equador, Bolívia, Haiti, Peru e Colômbia, colocaram para exposição e venda os produtos de suas regiões e culturas. “Isso mostra também que podemos conviver [com os migrantes] tranquilamente, sem maiores consequências, porque cada um já tem a sua especialidade, o seu modo de trabalhar, e que aumenta também a economia brasileira. Eles contribuem para o crescimento, a partir do momento em que são bem recebidos no país”, disse o professor Newton.
Todo o processo do trabalho foi muito importante para a estudante Rafaela Barros, que contribui com a pesquisa desde 2020, e teve a experiência de um primeiro livro publicado. “É muito emocionante. Já tínhamos feito alguns trabalhos antes, como publicações em congressos e seminários, mas tudo virtual, em anais de eventos. É diferente conseguir ter agora em mãos uma pesquisa muito trabalhada, que construímos a partir de encontros, leituras, pesquisas, estatísticas, reconstruções e revisões”, contou. Rafaela se interessou pela pesquisa porque sempre se importou com causas que precisam de atenção. “Eu sempre busquei formas de lutar, de divulgar, de chamar atenção, e são pessoas que precisamos trazer essa visibilidade, precisamos mostrar que existem, valorizar o trabalho deles, para que estejam constantemente sendo vistos e aprendidos”, disse. A estudante também destacou a orientação que teve dos professores Mariza e Newton: “É bom saber que, no mundo, tem gente ocupando cadeiras importantes e que têm a visão de tentar realmente melhorar, colocar em prática as mudanças que precisamos ver na realidade”, completou.