A procedência do Centro Universitário Dom Helder situa-se no contexto da década de 90 quando havia intenso estímulo das Congregações Religiosas a ações intercongregacionais. A partir de 1994, a Comissão de Justiça e Solidariedade da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB-Nacional), por iniciativa do seu Presidente Pe. Edênio Valle, SVD, passou a articular religiosos (as) que atuavam em Direitos Humanos e Ecologia numa ação que se consolidou no Movimento Direito e Cidadania (MDC), como instrumento de interajuda e animação da Vida Religiosa no Apostolado Social.


Em agosto de 1997, aconteceu o Encontro Nacional do MDC com abertura no auditório do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, presidido pelo Pe. João Roque Rohr, SJ, sucessor do P. Edênio Valle, SVD. Durante três dias, na casa de retiro das Filhas de Jesus, o encontro reuniu representantes de 39 Congregações Religiosas. No final, houve a Missa do Envio presidida pelo Arcebispo Dom Serafim Fernandes de Araújo.

Início das Atividades
Para iniciar as atividades, o então Provincial Jesuíta P. Francisco Ivern Simó, SJ deu decisivo apoio apostólico e auxílio financeiro por meio da Porticus (organização internacional de incentivo a ações humanitárias). No período de 1994 a 2002, destacam-se a seguintes ações dessa obra: curso para dirigentes dos Regionais Administrativos do Município (em convênio com a Prefeitura de Belo Horizonte); criação e gestão da Coordenadoria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (contratado pela Prefeitura, o MDC criou e coordenou essa instituição por 4 mandatos; ambas na gestão do Prefeito Patrus Ananias, que, mais tarde, foi Vice-Diretor da obra); assistência jurídica a vítimas de violações de Direitos Humanos (vítimas de discriminação de gênero ou orientação sexual); apoio jurídico a pessoas portadoras com HIV (foram ajuizadas mais de 200 ações que levaram o Ministério da Saúde a conceder assistência hospitalar e fornecer o “coquetel” de remédios aos portadores com HIV); programa de proteção a crianças e adolescentes ameaçados de morte pelo narcotráfico (98 famílias estiveram sob a proteção desse projeto executado pelo MDC em contrato firmado com o Ministério da Justiça e participação do Ministério Público, Judiciário, Secretaria de Justiça; muitas das famílias perseguidas foram acolhidas em casas de Congregações Religiosas).

Assembleia da CNBB
Nascimento da Escola Superior Dom Helder Câmara
Em 2002, do MDC é criada a Escola Superior Dom Helder Câmara visando ampliar as possibilidades de atuação com qualificação profissional e autossustentabilidade financeira. Seu desafio era o de articular apostolado socioambiental com Ensino Superior; qualidade com inclusão social.
Coube ao Presidente da Conferência Regional dos Provinciais Jesuítas do Brasil (CRPJB), Pe. João Roque Rohr, SJ, a nomeação do Reitor da Dom Helder; os demais cargos foram eleitos pelos integrantes dos Colegiados da Escola.
Em 2004, foi inaugurada a atual sede da Dom Helder em celebração com o Presidente da CNBB, Dom Luciano Mendes de Almeida, e representantes das Congregações Religiosas. Nesta época, para equipar a sede com laboratórios, instrumentos técnicos e biblioteca, o Provincial Jesuíta P. José Antônio Netto, SJ autorizou à Dom Helder empréstimo financeiro da Província, valor que foi devolvido.

No início exclusivamente em Direito, a Dom Helder foi abrindo cursos em outras áreas: Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, Engenharia de Produção, Direito Integral, Ciência da Computação, Engenharia Química, Engenharia Elétrica e, em fase inicial, cursos de EAD – Tecnológicos (Gestão Ambiental, Rede de Computadores, Desenvolvimento de Software Multiplataforma, Banco de Dados, Desing de Interiores).
O enfoque inaciano teve especial contribuição dos ex-companheiros jesuítas que trabalham na Dom Helder: Franclim Brito (Vice-Reitor e Pró-Reitor de Graduação), Francisco Haas (Pró-Reitor de Extensão), Edmilson Ferreira (Coordenador do EAD). Também contribuíram significativamente jesuítas professores da FAJE: P. Johan Konings (foi Pró-Reitor da Dom Helder nos primeiros três anos), P. João Mac Dowell (ministrou curso para o Corpo Docente sobre Fundamentos de Antropologia Filosófica da Pedagogia Inaciana), P. Marcelo Aquino (quando Reitor do CES-SJ acompanhou o início dos trabalhos e, ao longo do percurso, se fez presente em momentos marcantes) e muitos jesuítas orientaram os Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola. P. João Roque Rohr, SJ (na condição de Presidente da CRB-Nacional, Assessor da CNBB, Presidente da Conferência Regional dos Provinciais Jesuítas do Brasil e da Conferência dos Provinciais Jesuítas da América Latina), ao longo de sua vida, deu apoio permanente a esta obra apostólica. Em gratidão ao P. João Roque Rohr, à CRB- Nacional e a todos (as), por meio da sua pessoa, a Dom Helder o homenageou com o primeiro título de Doctor Honoris Causa.
A partir da origem do MDC, profissionais de diversas áreas, fizeram parte da caminhada, dentre eles: Luiz Antônio Chaves, Egídia Aiexe, Maria Caiafa, Patrus Ananias, Luiz Quadros, Durval Ângelo, Valdênia de Carvalho, Menelick de Carvalho, Carlos Henrique do Amaral, Cláudia Madrona, Rogério Fonseca, Bruno Wanderley. In memoriam: Fábio Alves, Estêvão Freitas, Jacob Máximo.
Em 1998, o MDC torna-se Fundação (de direito privado e interesse público), pessoa jurídica e mantenedora da Escola Superior Dom Helder Câmara, com plena autonomia legal, econômica e financeira. Assim, tanto a Fundação MDC como a Escola Superior Dom Helder Câmara e suas obras não têm vínculo jurídico, financeiro, ou administrativo com a CRB-Nacional ou qualquer Congregação Religiosa que participaram de sua origem. A relação com instituições religiosas e eclesiais é apostólica, enquanto, a Dom Helder procura promover valores cristãos e católicos e inspirada pela fé cristã, defender a justiça e os direitos socioambientais.

Ao buscar excelência acadêmica, a Dom Helder conquistou conceito máximo nas avaliações do MEC, tanto institucional (CI) quanto nos cursos de Graduação (CC). Seus estudantes de Direito se colocam entre os que obtêm melhor aprovação no Exame da OAB, em BH, sendo que as turmas de Direito Integral alcançam 100% de aprovação; estudantes de Engenharia têm certificação em todas as áreas técnicas do Curso; Arquitetura e Urbanismo, Ciência da Computação, Engenharia de Produção e Engenharia Civil foram autorizados pelo MEC com conceito máximo em todos os quesitos avaliados.
Na Pós graduação a Dom Helder conta com Mestrado, Doutorado e Pós doutorado em Direito Ambiental, cursos de especialização e MBA. A pesquisa de Pós graduação tem 21 grupos temáticos, muitos destes em parceria com Instituições nacionais e internacionais. As produções científicas têm principal veiculação na Revista Veredas do Direito (conceito máximo – Qualis A1 – e registrada nos maiores indexadores da atualidade).
Comunidade Acadêmica da Dom Helder:
- Técnicos administrativos: 118
- Estudantes: 3.187
- Bolsistas: 821
- Docentes: 132
- Direção: 10
Dom José Maria Pires, falando na Dom Helder, disse: “É grande a minha alegria estar numa instituição que tem o nome de meu querido amigo Helder Câmara! Peço a Deus que vocês sempre se inspirem na vida de Dom Helder para amar e ajudar os pobres”.
Ações atuais da Dom Helder
Em 2024, a Dom Helder torna-se Centro Universitário Dom Helder, agregando também cursos da Área de Saúde. Em fidelidade ao enfoque original, a Dom Helder, dentre as principais atividades promove: assistência judiciária gratuita a pessoas economicamente pobres (37 advogados e professores com aproximadamente 400 estagiários patrocinam anualmente mais de 500 ações judiciais); cursos, palestras, debates pesquisas e publicações sobre Direitos Humanos e Ecologia; em convênio com a Secretaria de Estado da Educação: formação de docentes (aproximadamente 200 professores fazem cursos de Pós graduação em Socioambientalismo); atividades de educação socioambiental com estudantes (com, aproximadamente, 12 mil estudantes); promoção de responsabilidade socioambiental (o programa Pegada Ambiental envolve em torno de 300 escolas). Com Colégios Católicos, por meio do Tribunal Internacional Estudantil, inspirado no Tribunal da ONU, de Haia – Holanda, são realizadas simulações de julgamento sobre temas ambientais, sociais e humanitários.
Na perspectiva de inclusão social, o Centro Universitário Dom Helder concede bolsas de estudo a seus estudantes hipossuficientes em mais de 30% de sua receita financeira (ou seja, aproximadamente 800 alunos bolsistas em cada semestre); a Unidade III, em Casa Branca – Brumadinho, promove atividades de formação humana e cristã, EEs, esporte e convivência; tem sido utilizada por grupos da FAJE e de outras instituições parceiras como Colégios de Congregações Religiosas; com patrocínio da Vale e de Municípios, desenvolve projetos de apoio aos atingidos pela tragédia ambiental. O Centro Universitário Dom Helder também participa do Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados, do OLMA e da REPAM.


Nova Fase
Neste 30º aniversário do MDC, a Dom Helder se encaminha para se tornar Centro Universitário e oferecer cursos na área de saúde, como Enfermagem, Biomedicina, Psicologia e Odontologia. Já em trâmite no MEC e no Ministério da Saúde, está o processo de autorização de um curso de Medicina – Graduação.
No presente semestre, vencendo licitações públicas: com o Ministério do Meio Ambiente, a Pós-Graduação da Dom Helder iniciou a implantação do Centro de Educação e Cooperação Ambiental da Região Sudeste do Brasil; com a Secretaria de Estado de Educação, ampliação do programa “Pegada Ambiental” nas Escolas da Rede Pública de Educação, com atividades de educação e responsabilidade socioambiental; em parceria com Municípios da Região Metropolitana, qualificação de servidores públicos com cursos de Pós-Graduação e de aperfeiçoamento; em parceria com a Associação dos Astrofísicos de Minas Gerais, implantação do Observatório Socioambiental na Unidade III da Dom Helder; em parceria com a Associação dos Magistrados de Minas Gerais, especialização em Direito Minerário; em parceria com o Ministério Público Federal, pesquisas e cursos em Direito Ambiental.



Outras ações acontecem em Cooperação Técnica com o Ministério Público Estadual, Tribunal de Justiça, Ministério de Ciência e Tecnologia, Tribunal Regional Federal da 6a Região, MST, MTST, Conselho de Engenharia, Conselho de Arquitetura e Urbanismo, CONEDH, empresas comerciais e industriais. Em intercâmbio acadêmico, a Dom mantém 37 convênios com Universidades nacionais e internacionais.
Gratidão e Canonização de Dom Helder
Nesta história, seis Congregações Religiosas destinaram religiosos (as) para a missão na Dom Helder (todos com formação em Direito – Graduação, Mestrado e Doutorado): Verbitas, Jesus na Eucaristia, Escravas de Jesus, Dominicanas Romanas, Franciscanos, Jesuítas.
Outras Congregações Religiosas têm dado apoio eventual: Maristas, Dominicanos, Filhas de Jesus, Franciscanas do Sagrado Coração de Jesus, Claretianos, Sacramentinas de Bérgamo, Escolápias, Auxiliares de Nossa Senhora da Piedade, Sagrado Coração de Maria, Fráteres da Misericórdia, Salesianas, Marcelinas, Servas do Espírito Santo, Agostinianas Missionárias, Escolápios, Dorotéias, Agostinianos, Batistinas, Sagrado Coração de Maria de Belaar, Barnabitas, Filhas de Nossa Senhora do Monte Calvário, Angélicas de São Paulo.
Algumas Congregações têm contribuído mantendo na Dom Helder estudantes hipossuficientes mediante bolsas de estudo concedidas em conformidade com a legislação de filantropia.

Direção e Docentes da Dom Helder, participando de audiência do Papa Francisco, no dia 29 de maio de 2024, encaminharam ao Vaticano carta enfatizando a importância do processo de canonização de Dom Helder Câmara: Patrono Nacional dos Direitos Humanos; liderança internacional histórica na defesa do Estado Democrático de Direito e da promoção da justiça social; testemunho admirável para o seguimento de Jesus Cristo; permanente inspiração para obras institucionais de anúncio da fé cristã e atuações em áreas como educação e justiça socioambiental.
Neste 30o aniversário, celebramos em ação de graças ao bom Deus por tantas bênçãos concedidas por meio da Escola Superior Dom Helder Câmara. Gratidão especialmente à CRB-Nacional, à Companhia de Jesus, às demais Congregações Religiosas e à Arquidiocese de BH.
Igualmente, muita gratidão a parceiros de instituições públicas e movimentos sociais. Afeto e agradecimento a padres, irmãs e irmãos religiosos, docentes, estudantes e técnicos administrativos que têm participado dessa feliz caminhada.